Missão Humanitária e Estudo na África

MISSÃO HUMANITÁRIA e ESTUDO
na ÁFRICA

 

O que quer que você possa fazer,  ou sonhe que o possa,  faça-o... 
Coragem contém genialidade, poder e magia!
Goethe

 

 

 


Foto Prof. Dr. Luiz Claudio Candido

 

Ser e estar
Não adianta ser e não estar.
Devemos ser e estar ao mesmo tempo... em simbiose e cumplicidade!
Ser e estar onde é necessário.
Devemos criar o "como" para atingir os objetivos,
inventar métodos simples e eficazes.
Soluções para obstáculos aparentemente intransponíveis
podem estar bem diante de nós!!!
Temos que estar e ser...
L.C. Candido -  África 2002

 

 

 

 

 


Dr. Muhamed e Prof. Dr. Candido 

 

 

 

 

 

 


 

 

Veja Também

MISSÃO INTERCOMUNITÁRIA
em CUBA

 

Transformando-se...
Ação, missão,  revolução,
Transformação, mutação, metamorfose, 
O importante é o sentimento!
L.C. Candido - Cuba 2002

Um pouco de minha experiência africana...
A "matemática" da vida transformou-me em autodidata. Foi assim durante minhas graduações, especializações, mestrado, doutorados e em todas as minhas escolhas profissionais.

Em fevereiro e março de 2002 participei de Missão Humanitária na África Ocidental. Viagens assim podem provocar grandes transformações em uma pessoa, tanto no âmbito profissional como humano. 

Associando-se a uma instituição humanitária fiorentina, denominada "Associazione Transafrica Sviluppo", o Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa e Tratamento participou ativamente de todas as atividades da missão.

Não foi obtida nenhuma contribuição econômica oficial, sendo toda missão autofinanciada. Recebemos, sim, autorizações diplomáticas com livre acesso e permissão do exercício profissional durante todo o período.

Nossos meios de transporte eram veículos de tração a quatro rodas. Partimos todos da Itália e atravessamos o mar Mediterrâneo a bordo de um navio. O meu habitáculo (veículo) era um verdadeiro hospital/ambulância capaz de realizar até pequenas e médias cirurgias. Minha formação clínico-cirúrgica ofereceram-me muita segurança!

O número de componentes da equipe variou segundo os diversos empenhos profissionais de cada um. Inicialmente éramos 8 pessoas e 4 veículos, depois 12 pessoas e 6 veículos e da metade para o final 4 pessoas e 3 veículos. Participaram 10 homens e 2 mulheres.

Nossa equipe era composta por engenheiro sanitário, engenheiro agrônomo, assistente social, psicólogo, tradutor/intérprete, pedagogo, técnico hidráulico, experto do deserto, empresários, mecânico e médico. Às vezes, muitas dessas funções eram acumuladas. Acabei transformando-me oficialmente em cozinheiro-mor, navegador, auxiliar mecânico e tradutor/intérprete.

Parte de nossa alimentação e água veio conosco da Itália. Dormíamos sobre os veículos em barracas especiais adaptadas sobre o teto. A temperatura variava de quase 50 graus positivos de dia a 15 graus negativos de noite!!! O calor era seco e suportável.

Atravessamos 5 países (Tunísia, Algéria, Mali, Mauritânia e Senegal), percorremos mais de 8.000 km de muita areia e alguns trechos de pedra durante quase 2 meses. Os países eram todos de cultura árabe e poucos entendiam o francês. Imagine realizar visitas médicas em árabe!

Nossa principal meta foi realizada e desenvolvida no norte de Mali, junto à população nômade do deserto, os chamados "Tuareg". Lá implantamos 8 bombas hidráulicas movidas à energia solar em escolas no meio do deserto!!! Os poços artesianos haviam sido abertos anteriormente pela mesma Associação Fiorentina no projeto "L'Acqua è vita - Aman iman". Lá minha tarefa específica foi examinar todos os estudantes destas escolas e a população em geral. Bastava saberem que havia um médico e a fila aumentava...!

Nosso tipo de assistência móvel facilitou o acesso aos povoados mais remotos, tanto aqueles às margens do deserto como outros dentro do deserto do Saara.

Como único profissional da área da saúde estava sempre ativo. Não obstante não tenha utilizado altos recursos tecnológicos, amplo foi o trabalho assistencial e preventivo, como visitas médicas, conselhos e orientações, hidratação oral e endovenosa, antibioticoterapia, suturas, tratamento de feridas cutâneas, entre outros. Deixei vários medicamentos em centros educacionais e nos ditos "hospitais". Encontrei colegas médicos somente nas capitais dos países e em algumas poucas cidades "importantes".

Minha preocupação foi no atendimento primário, procurando não interferir em demasia nos hábitos e costumes de cada povo e respectivas regiões. Procurava resolver muitos problemas através dos próprios instrumentos e artifícios que o meio ambiente me oferecia. Por exemplo, aprendi a utilizar as folhas do arbusto Acácia do Senegal para tratar várias patologias, inclusive no tratamento de feridas cutâneas.

Verifiquei vários aspectos antropológicos e folclóricos por onde passava. Na área da saúde pude observar a atuação de vários "curandeiros"; que durante o diagnóstico de patologias e tratamento de seus pacientes valorizavam a abordagem holística. A fitoterapia era muito empregada. Era comum em algumas tribos que estes curandeiros realizassem três pequenas incisões bilaterais na região superior do arco zigomático, isto é, era localizado entre os olhos e a orelha. Estas "feridas" cutâneas eram provocadas com o intuito de propiciar que o "mal" ou doença "saíssem" do indivíduo. Estas feridas eram mantidas abertas com a introdução de corpos estranhos, geralmente pequenas pedrinhas, até a cura do paciente.

Foi um trabalho árduo, mas que nos ofereceu muita satisfação! Esta viagem serviu para fechar e, porque não, abrir outras feridas.

Mais do que nunca esta experiência acentuou a necessidade da importância do trabalho em equipe e, no final, todos acabaram por tornar-se "Feridólogos Honorários".

Agora também fui fisgado pelo Mal de África e seguramente retornarei.

Continuo à disposição para qualquer outra informação ou curiosidade.

Saudações

Prof. Dr. Luiz Claudio Candido
Responsável pelo Feridólogo - Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa e Tratamento de Feridas Ltda
Santos-SP